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5 de ago. de 2025

Tempos presentes (“Mãos dadas”) – Carlos Drummond de Andrade

 

imagem gerada por IA

Tempos presentes (“Mãos dadas”) – Carlos Drummond de Andrade

 Não serei o poeta de um mundo caduco

Também não cantarei o mundo futuro

Estou preso à vida e olho meus companheiros

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças

Entre eles, considero a enorme realidade

O presente é tão grande, não nos afastemos

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas

 

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história

Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da

janela

Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida

Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os

homens presentes

A vida presente (Carlos Drummond de Andrade, “Mãos dadas”)


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