27 de mar. de 2012

Dia Internacional do Teatro

Claudio Marconcine em cena de "Pai e Filho" (foto: Kátia Lopes)





Tempo de preparação; tempo de ensaio

Que ator sou eu? Que ator eu vejo em cena?

É inegável que quanto mais se ensaia, mais se distancia das imperfeições, dos equívocos, dos deslizes, e nos aproximamos daquilo que queremos. O que esquecemos ou negligenciamos talvez seja o processo anterior ao treinamento, aos ensaios.

Como o ator se comporta horas antes dos ensaios? Qual a rotina que o ator se exige para estar pronto? Ele defeca, toma banho, limpa os ouvidos, escova os dentes, se hidrata, come algo leve, desliga-se das agruras do dia? Que tipo de leitura faz? Que música ouve? Ejacula com que frequência? Que vida é essa que o ator leva antes de se preparar para um espetáculo? Que tempo ele tem ou necessita para esse feito? Que tipo de teatro ele quer fazer, com quem faz e como faz?

O ator é irrequieto e propositivo. Desiste do conforto - qualquer que seja ele - e reivindica a autoria e autonomia de seu trabalho.

A nossa cultura sempre foi do desperdício de tempo, de resultado, de materiais, de gozo, de relações, de beijos, de afagos. Enquanto não sairmos desse conforto, nosso teatro será pobre em suas proposições.


Nossa arrogância diz o contrário. Pena.




*Texto do ator Cláudio Marconcine, publicado no blog da Pequena Cia. de Teatro (http://pequenacompanhiadeteatro.blogspot.com.br/), na quinta-feira, 08/03/12



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