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Lei reconhece Escolas de Samba como manifestação da cultura nacional
Escola de Samba Marambaia, de São Luís/MA - desfile de 2023 (foto: reprodução/internet) |
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei 14.567, de 2023, que reconhece as escolas de samba como manifestação da cultura nacional. A norma foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (05/05/2023).
A lei reconhece desfiles, música, práticas e tradições das escolas de samba como manifestação da cultura nacional. De acordo com o texto, é papel do poder público garantir a livre atividade das escolas de samba e a realização dos desfiles carnavalescos. A norma é resultado do projeto de lei (PL) 256/2019, da da deputada Maria do Rosário (PT-RS), aprovado em abril pelo Senado. A proposta foi relatada pelo senador Paulo Paim (PT-RS).
Ao relatar o projeto, Paulo Paim disse, na ocasião da aprovação na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), que não há dúvidas de que as escolas de samba são manifestações de indiscutível importância cultural. Ele ressaltou ainda a efeito dos desfiles das escolas de samba para a economia, com os lucros que geram no Carnaval.
— Como bem destaca a autora desse projeto, o Carnaval é um dos principais elementos que vêm à tona quando se indaga acerca dos símbolos constituintes de nossa cultura: os símbolos de 'brasilidade'. As escolas de samba, nesse contexto, e os seus elementos — música, samba, dança, coreografias, desfiles, fantasias e tradição — são componentes imprescindíveis e indissociáveis do que hoje se conhece como Carnaval brasileiro. As escolas de samba surgiram na primeira metade do século passado, na forma de agremiações ou associações culturais. Trata-se de manifestações genuinamente nacionais, fruto da releitura das festas carnavalescas de origem europeia, com a fusão de elementos tropicais, africanos e ameríndios, entre outras manifestações — afirmou Paim. (Fonte: Agência Senado)
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Parlatório: Carnaval, sem carnaval!
Carnaval, sem carnaval!
O carnaval atravessa os séculos incólume. Com ou sem pandemia, crise ou desvios financeiros ele continua firme forte e sassariqueiro no Brasil inteiro. Em todos os cantos. Afinal é a festança-símbolo deste país-continente. A danada da folia segue seu destino de colocar o rei na pele de mendigo e o mendigo nas vestes de um rei. Todo mundo dançando conforme a musica. Qualquer que seja a música.
O bom do nosso carnaval é que ele se encaixa bem justo no caráter do brasileiro. Cheio de galhofas, amante das farofas, pronto para os deboches, e se duvidar, ainda pode saborear um brioche.
Em nossa ilha-Capital o alcaide já firmou a pena: nada de desfiles, de passarela, e nem mesmo pra ser visto da janela. A pandemia, assim como o espírito zombeteiro do Fofão, não acabou.
Então, para glória de Dionísio (o Deus, claro!) a folia pode até ser
magrela, mas quem duvida que ela vai dar seus esbregues? Nas perifas, nas
praias ou nas chiqueiras salas dos condomínios dos barões acasalados. Aliás o
carnaval desta nossa esburacada ilha-Capital dá as caras desde o 26 de
dezembro, principalmente pelas ruas e ladeiras do bairro carnavalescamente
divino: a Madre Deus.
E quem pensa que carnaval é ofensa, blasfêmia das fêmeas, dos machos e todes mais, não custa nada lembrar que o carnaval nunca foi, nem nunca será um festival de profanidades, simplesmente porque nasceu de um ritual divino, o rito está na gênese da festa.
Mas, para este ano, ainda pandêmico, deve-se lembrar ainda mais das máscaras, e não só as carnavalescas. Destas é bom que seja dito que, nos últimos anos, a principal e mais representativa máscara destes nossos ilhéus tem sido escanteada: O Fofão!
Sim, o Fofão, nosso personagem-símbolo já está inaugurando seu nome na lista dos animais em processo de extinção. Por que isso? Porque nesta ilhota magnética e carnavalesca, o colorido e espalhafatoso personagem começa a saltitar pelas ruelas e becos desde o dezembro. E isso, já não tem acontecido mais.
Até o momento, não tenho visto nenhum artista, ou um pequeno grupo
destes, aqui de nossa pequenópoles ligar microfones virtuais bradando: Cadê o
Fofão? (LR)
Eu, etiqueta – Carlos
Drummond de Andrade
Em minha calça está
grudado um nome
que não é meu de
batismo ou de cartório,
um nome… estranho.
Meu blusão traz
lembrete de bebida
que jamais pus na
boca, nesta vida.
Em minha camiseta,
a marca de cigarro
que não fumo, até
hoje não fumei.
Minhas meias falam
de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados
a meus pés.
Meu tênis é
proclama colorido
de alguma coisa não
provada
por este provador
de longa idade.
Meu lenço, meu
relógio, meu chaveiro,
minha gravata e
cinto e escova e pente,
meu copo, minha
xícara,
minha toalha de
banho e sabonete,
meu isso, meu
aquilo,
desde a cabeça ao
bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso,
abuso, reincidência,
costume, hábito,
premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim
homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria
anunciada.
Estou, estou na
moda.
É doce estar na
moda, ainda que a moda
seja negar minha
identidade,
trocá-la por mil,
açambarcando
todas as marcas
registradas,
todos os logotipos
do mercado.
Com que inocência
demito-me de ser
eu que antes era e
me sabia
tão diverso de
outros, tão mim-mesmo,
ser pensante,
sentinte e solidário
com outros seres
diversos e conscientes
de sua humana,
invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora
bizarro,
em língua nacional
ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me
comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou – vê lá –
anúncio contratado.
Eu é que
mimosamente pago
para anunciar, para
vender
em bares festas
praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo
esta etiqueta
global no corpo que
desiste
de ser veste e
sandália de uma essência
tão viva,
independente,
que moda ou suborno
algum a compromete.
Onde terei jogado
fora
meu gosto e
capacidade de escolher,
minhas
idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no
rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada
olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma
estética?
Hoje sou costurado,
sou tecido,
sou gravado de
forma universal,
saio da estamparia,
não de casa,
da vitrina me
tiram, recolocam,
objeto pulsante mas
objeto
que se oferece como
signo de outros
objetos estáticos,
tarifados.
Por me ostentar
assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas
artigo industrial,
peço que meu nome
retifiquem.
Já não me convém o
título de homem.
Meu nome novo é
coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.
Carlos Drummond de Andrade ANDRADE, C. D. Obra poética, Volumes 4-6. Lisboa: Publicações Europa-América, 1989.
Fonte: https://www.pensador.com/frase/MjAyODM0/