23 de abr. de 2012


Fábrica de Novos Autores

Por WALLACE CARVALHO - site Famosides

“Autor de novela está em extinção.” A frase é do polêmico Aguinaldo Silva, autor de “Fina Estampa”, em entrevista ao Famosidades. O alerta dado pelo escritor de sucessos como “Roque Santeiro”, “Vale Tudo”, “A Indomada” e “Senhora do Destino” parece ter sido tocado também dentro da TV Globo.

Com a maioria de seus autores chegando na casa dos 80 anos, a emissora precisava correr contra tempo para renovar seu banco de talentos – ainda mais agora que a concorrência no ramo está cada vez maior.
E pela primeira vez nenhum dos "medalhões", como o próprio Aguinaldo, Silvio de Abreu, Gilberto Braga, Benedito Ruy Barbosa e Manoel Carlos, está no ar. As tramas globais do momento estão nas mãos da nova geração.

A faixa das 18 horas se tornou uma espécie de vitrine de lançamentos de novos autores na Globo. O projeto começou timidamente com as filhas de Benedito Ruy Barbosa, Edmara e Edilene, com remakes de sucessos de época do pai. Em 2007, Elizabeth Jhin fez sua estreia com “Eterna Magia”, que patinou na audiência, com uma história sobre bruxas que se passa no interior mineiro em uma colônia irlandesa.

O baixo Ibope da trama levou o canal a aposentar sua ideia de lançar novos autores até que, em 2009, com a boa aceitação de “Cama de Gato”, escrita por Duca Rachid e Thelma Guedes, a direção global voltou a escalar a nova geração de escritores para contar suas histórias.

Deu certo. “Escrito nas Estrelas” (2010), protagonizado por Nathalia Dill e Jayme Monjardim elevou a audiência no horário, e “Cordel Encantado” se tornou unanimidade de crítica e público com a fábula da princesa de um reino europeu dada como morta e criada no sertão nordestino. A qualidade da produção surpreendeu pelo capricho e o texto da dupla de autoras mostrou que o público torce sim pela mocinha quando a trama é bem construída.

Parece que a repercussão da turma de Brogodó empolgou os diretores globais. Depois de “A Vida da Gente”, da estreante Lícia Manzo, Elizabeth Jhin (foto acima) está no ar com "Amor Eterno Amor". Ela, por sua vez, dará lugar a uma dupla de estreantes: João Ximenes Braga e Cláudia Lage. Eles vão escrever uma novela de época que será dirigida por Dennis Carvalho.

Ainda assim, Silva acredita que a nova geração de novelistas terá que comer muito feijão com arroz para manter o padrão de qualidade dos veteranos. “João Emanoel Carneiro é o único novelista interessante surgido depois dos meus cabelos prateados”, declarou.

Autor de “Avenida Brasil”, Carneiro fez sua estreia no canal em “Da Cor do Pecado”, em 2004. Protagonizada por Taís Araújo e Reynaldo Gianecchini, produção se tornou uma das mais bem sucedidas na faixa das 19h, com média acima de 40 pontos de audiência.

Coincidência ou não, de quatro em quatro anos, a direção global aposta suas fichas em um estreante para fisgar a atenção do telespectador no horário considerado complicado pelos diretores globais. “É a hora em que as pessoas estão chegando em casa, os jovens estão zapeando, a família se preparando para jantar. Não existe um público especifico como as donas de casa às 18h”, explicou Regina Varella, ex-coordenadora nacional de mídia e programação TV Globo. Ela trabalhou durante 18 anos na emissora.

Em 2008, Andrea Maltarolli – que faleceu um ano depois – fisgou a atenção do público com “Beleza Pura”. Este ano, uma dupla de estreantes foi escalada para ocupar a faixa. Felipe Miguez e Isabel de Oliveira são responsáveis por “Cheias de Charme”, supervisionada por Ricardo Linhares. “Eu não entendo porque o Ricardo não escreve as novelas dele”, alfinetou Aguinaldo.

Ninguém consegue escrever uma novela na Globo sem uma enorme bagagem. Todos os autores citados passaram anos na emissora trabalhando como roteiristas em programas de humor, séries de TV, assinando algumas produções menores ou trabalhando como co-autor com outros nomes da casa.

Para formar – ou encontrar e lapidar - novos talentos a emissora criou uma oficina de autores realizada periodicamente com o mesmo objetivo de outras oficinas do canal – de atores e de produção – que tem como objetivo aumentar seu banco de profissionais capacitados para futuras produções.

Procurada, assessoria da TV Globo não respondeu a nenhum dos e-mails enviados pelo Famosidades para que fossem respondidas perguntas sobre a oficina de autores e também não retornou os e-mails com o contato dos novos escritores para que a reportagem pudesse saber qual caminho eles percorreram até conseguirem ter uma sinopse aprovada.

Mesmo assim, o Famosidades encontrou uma pessoa que participou de uma dessas oficinas. Segundo a fonte, que não quis ter sua identidade revelada, a emissora vai atrás de roteiristas em todo o país e os convida para participar de um processo seletivo cuja primeira etapa a seleção de currículos. Cerca de 500 pessoas avançam para a segunda fase - que é redigir um texto a partir de uma frase determinada pela direção da oficina com um prazo de 15 dias.

Na terceira etapa, 50 pessoas são chamadas para um teste: redigir na hora uma cena para uma banca examinadora. No final, apenas 15 pessoas são selecionadas para fazer parte da oficina. Durante cerca de dez meses, os escritores participaram de uma espécie de workshop diário em horário integral. Para se dedicar exclusivamente ao projeto, a emissora paga uma bolsa no valor de R$ 900. Vale lembrar que um autor do naipe de Aguinaldo Silva ganha em torno de R$ 80 mil mensais.

Além de um acordo de confidencialidade, todos os participantes são obrigados a assinarem um termo em que afirmam estar cientes de que o fato de terem sido selecionados para fazer parte da oficina não significa que serão contratados pela emissora quando o processo acabar.

No final, os roteiristas precisam entregar uma sinopse pronta. Foi em uma dessas oficinas que surgiu a novelinha “Malhação”, no ar há 18 anos. A produção nasceu como projeto final de curso de Andrea Maltarolli e Emanuel Jacobina (autor de “Coração de Estudante”).

Paralelamente à oficina, a triagem de novos textos e escritores é feita por uma equipe de quatro pessoas. Segundo um funcionário da TV Globo, os projetos são entregues por autores e diretores do canal diretamente na mão desses profissionais, que avaliam se tal história merece ser contada e se aquela pessoa merece uma chance. Ou seja, não basta apenas talento para se tornar um escritor de novelas. É preciso conhecer as pessoas certas e uma boa dose de sorte.




Fonte: http://entretenimento.br.msn.com/famosos/mat%C3%A9ria-da-semana-ops-veja-os-erros-de-continuidade-das-telinhas-e-telonas



Um comentário:

  1. Será que as novelas estão em extinção ou o Agnaldo que estagnou?! Vide Fina Estampa, repetiu tudo o que já fez e de forma bem precária.

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