26 de nov. de 2012

Webséries

Webséries: novo nicho do mercado audiovisual

Raul Perez
Séries feitas exclusivamente para a web estão ganhando a simpatia de diversas produtoras no país. Para realizadores que já produzem na dinâmica desse novo formato, desenvolver esse tipo de projeto é uma tarefa ao mesmo tempo árdua e prazerosa. “Por um lado, pelo fato de a websérie ser um formato relativamente novo, existe uma dificuldade em se acertar que tipo de série se adequa ao meio da internet. Por outro lado, essa dificuldade é também uma oportunidade para a experimentação de ideias, formatos, o que é muito positivo”, afirma Mabel Lopes.
Formada em Audiovisual pela Universidade de São Paulo, ela criou, roteirizou e dirigiu O Demônio Não Sabe Brincar, sobre uma mulher que enfrenta dramas pessoais e ainda é obrigada a encarar o tinhoso. A produção foi realizada com a ajuda do edital de fomento a webséries da prefeitura de São Paulo. Segundo Mabel, realizar uma série no formato representa o contato direto com os espectadores. "Com isso, você ganha informações preciosas sobre o que você fez certo e o que fez de errado, e pode usar esse conhecimento para fazer melhor no próximo trabalho", explica.
Paulo Mavu, sócio da Mambo Jack, afirma que o maior desafio para as produções do gênero é encontrar anunciantes e parceiros financeiros. “O Brasil ainda investe pouco nesse tipo de mídia comparado a outros países”, comenta. A produtora realizou Lado Nix, uma das webséries brasileiras de maior repercussão no mundo virtual e fora dele, sobre uma garota geek que trabalha em uma loja de quadrinhos e usa a imaginação para driblar os problemas.
Mavu conta que a Mambo Jack investiu suas próprias economias na produção da série, muito por acreditar no novo formato. Mas a ideia sempre foi densenvolver a série em diversos canais.“Sempre imaginamos levá-la também para outras plataformas. Eu acho que cabe uma série assim na TV ou cinema. Mas sempre trabalhando com o formato rápido e mais curto da internet para contar histórias paralelas ou de outros personagens que não teriam tanto destaque na tela grande”, explica.
A narrativa transmídia é um conceito onde partes de uma mesma história são desenvolvidas em várias plataformas diferentes - como TV, internet e dispositivos móveis - criando um universo simbólico em torno da narração. “As pessoas não querem somente ver um vídeo na internet, elas querem compartilhar histórias, interagir com o personagem, baixar músicas, imagens, jogos, etc. Não dá mais pra pensar na internet como apenas uma plataforma de exibição alternativa em relação aos grandes distribuidores ou emissoras de TV. Tudo está integrado. Pensar desta forma é o grande desafio”, explica o diretor Guto Aeraphe.
Ele dirigiu a websérie “Heróis”, inspirada numa história real, que aborda a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. A produção foi pensada para ser um média-metragem, para que o projeto se adaptasse à Lei Rouanet. “Mas infelizmente média é um formato muito ingrato, porque não é comercialmente viável nem para TV, nem para cinema. Então, analisando alguns números e hábitos do internauta brasileiro, percebi que o caminho era partir para o formato de websérie. Mesmo que a estrutura dramática do filme não fosse pensada para isso. Deu certo!”, comemora. 
Sobre a questão do financiamento, ele diz: “Se levarmos em consideração a teoria da cauda longa, vamos perceber que, apesar de ser um pouco mais complicado arrecadar fundos para produzir algo de qualidade por causa do alto custo que é o cinema, existe uma grande oportunidade de negócio. Cada vez mais empresas especializadas em transmissão de conteúdo audiovisual estão surgindo focadas em nichos de mercado e elas estão ávidas por conteúdo”. 
Os novos nichos do mercado audiovisual que surgem com a tecnologia serão tema da Jornada Convergência Audiovisual, que também vai abordar o domínio dos grandes players, expansão da banda larga, crescimento da TV por Assinatura e nova legislação, entre outros temas. 
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