12 de jul. de 2017

Subversiva – Ferreira Gullar

Ferreira Gullar e Gonzaguinha - foto: Cristina Granato


Subversiva – Ferreira Gullar

A poesia
Quando chega
Não respeita nada.

Nem pai nem mãe.
Quando ela chega
De qualquer de seus abismos

Desconhece o Estado e a Sociedade Civil
Infringe o Código de Águas
Relincha

Como puta
Nova
Em frente ao Palácio da Alvorada.

E só depois
Reconsidera: beija
Nos olhos os que ganham mal
Embala no colo
Os que têm sede de felicidade
E de justiça.

E promete incendiar o país.

(- Ferreira Gullar, em "Na vertigem do dia", 1980)

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