NOVO ESPAÇO!
Exposição ‘Arquitetura Religiosa Brasileira’ abre espaço Jus Sarau, no Centro Histórico
A exposição “Arquitetura Religiosa Brasileira: regiões nordeste meio-norte” é a primeira parte de uma pesquisa visual imaginada pelo professor Eugênio Araújo, que incluirá em suas próximas edições a Bahia e as regiões sul/sudeste, com destaque especial para o patrimônio mineiro. O objetivo inicial da documentação era formatar um arquivo que pudesse servir como recurso didático para os alunos do curso de Artes Visuais/UFMA.
A exposição marca a inauguração do ESPAÇO JUS SARAU, que promete agitar a vida cultural da cidade, pelo menos até setembro, mês de aniversário da cidade. “– O JUS SARAU surgiu desde o início com o objetivo de ser uma opção diferenciada na passagem dos 400 anos. Não só a comemoração e celebração festiva e por vezes vazia, mas uma reflexão sobre o fato, sobre nossa condição de vida na cidade. Temos várias exposições programadas sobre isso. A próxima parceria com Zé será “São Luís em Transe”, essa uma instalação sobre a questão do trânsito na ilha, já explorando melhor aspectos do espaço multimídia da galeria, não só com fotos, mas vídeos e esculturas.
SERVIÇO
O QUÊ: Exposição de Fotografias
TÍTULO: “Arquitetura Religiosa Brasileira: regiões nordeste meio-norte” (Belém, São Luís, Teresina, Fortaleza, João pessoa, Recife, Olinda)
ARTISTAS: Eugênio Araújo e Zé Luis Cavalcanti
ONDE: Espaço JUS SARAU, rua JoãoVital, 101/06 (Beco da Pacotilha - Praia Graqnde Reviver), Próximo ao Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho
Um mini-centro cultural vai agitar São Luís – ASSOCIAÇÃO JUS SARAU
A partir do próximo dia 19 de abril, São Luís poderá contar com mais um point cultural que promete agitar a cidade: A Associação Jus Sarau. O grupo foi fundado em 2011, mas só agora conseguiu uma sede própria, localizada na rua João Vital, n101, loja 06, próximo ao beco da Pacotilha e outros points culturais já estabelecidos, como o Museu de Cultura Popular e o bar Odeon.
Neste endereço muitos eventos devem acontecer ao longo de todo ano. A diretoria é formada principalmente por artistas dedicados à arte moderna e contemporânea e arte educadores, o que confere um tom especialmente vanguardista e ao mesmo tempo didático ao projeto. Entre eles estão Eugenio Araújo (presidente), Cacacu de Aquino (Vice-presidente), Ana Neuza Araújo (secretária), Carlos Araújo (diretor jurídico), Eduardo Cordeiro (restaurador), Zé Luis Cavalcanti (professor de fotografia) e Ana Socorro (professora de teatro), Paula Araújo (professora de língua e literatura) e Custódio Tavares (engenheiro) .
Eugênio Araújo, que comanda a Associação, é professor do Departamento de Artes da UFMA, com mestrado em Antropologia da Arte e Doutorado em História da Arte. Além disso tem atuações marcantes no carnaval e também no campo do teatro amador estudantil. “A Associação também surge como outra opção de discurso em relação à comemoração dos 400 anos da cidade. Não vamos fazer o elogio vazio, mas a crítica oportuna visando a superação. Amamos nossa cidade, mas nem por isso deixamos de ver ao males que a assolam e o quanto ela pode melhorar; trabalhamos em prol disso”, afirma Eugênio.
A Associação Jus Sarau surgiu a partir de uma festa realizada por maranhenses no Rio de Janeiro, como conta o presidente: “No fim dos anos 90, nós éramos três irmãos estudando no Rio (eu, Neuza e Manoel Junior), morávamos juntos em um grande apartamento no bairro da Glória e resolvemos fazer uma festa tipo Sarau, com música ao vivo, poesia, pequenas intervenções teatrais, peformances, etc. O negócio deu tão certo que extrapolou, os cariocas adoraram, e nós conseguimos fazer duas edições do Jus Sarau/Rio.
A festa cresceu demais e não deu mais pra ser realizada no apartamento. Ficou sempre aquela vontade de fazer o Jus Sarau 3 aqui em São Luis, mas a idéia acabou evoluindo pra uma Associação Cultural”, diz Eugenio.
O objetivo principal da Associação Jus Sarau é tentar dinamizar a vida cultural de São Luis oferecendo produtos e serviços ligados à área da arte, da educação e do entretenimento que não são muito comuns na ilha. Como esclarece Eugenio “nosso foco é arte moderna e contemporânea, com especial atenção para fotografia digital, vídeo-arte, instalações e performances. Achamos que São Luis se ressente da falta de um local onde os artistas possam exercitar estas linguagens e onde o público possa ter mais contato com elas”.
A princípio a Associação Jus Sarau se formata enquanto uma galeria de arte digital. Mas a sede é um espaço polivalente que pode funcionar também como cine-clube e espaço para cursos, oficinas e performances poéticas e musicais. “Não é um espaço grande e nosso objetivo não é atrair muita gente ao mesmo tempo. Tenho viajado muito pelo Brasil e visto espaços formatados com esse mesmo objetivo em várias cidades. Não precisa ser grande, precisa ter uma linha de atuação clara, saber aproveitar o espaço disponível e dialogar com o público freqüentador”, planeja Eugenio.
A Galeria Jus Sarau é sem dúvida a “menina dos olhos” da associação. “É um espaço voltado principalmente para Arte digital. Nós temos 6 tevês de LCD de 42 polegadas e a maioria das exposições vai tê-las como suporte”. Ou seja: um dos principais produtos a ser oferecidos pela associação será a fotografia digital. Eugenio explica que tem interesses pessoais envolvidos na iniciativa: “Desde o meu curso de doutorado que comecei a experimentar e explorar muito a fotografia digital. A fotografia está ao alcance de todos. É claro que quem tem formação pode vir a realizar um trabalho melhor.
No meu caso, comecei fotografando carnaval e depois fui realizando várias outras séries: grafites, nus, paisagens, azulejos, folclore, etc. Minha produção hoje é quase toda em foto digital. Precisava de um lugar para mostrar. Já não quero revelar essas imagens, quero que elas sejam vistas através de um suporte mais dinâmico e mais adequado, que são as telas de LCD. Assim, eu vou poder mostrar grande parte da minha produção, que está engavetada há uns 4 anos (são mais de 5 mil fotos) e também abrir as portas da galeria para outros artistas que tenham interesse de usar o mesmo suporte”.
A princípio Eugenio vai dividir o espaço da galeria com o fotógrafo/professor Zé Luis Cavalcanti, carioca radicado há quase 10 anos em São Luis. Eugenio e Zé vêm desenvolvendo uma parceria ao longo dos anos que tem dado bons frutos. “Primeiro eu contratei o Zé pra fotografar alguns aspectos do carnaval carioca, como parte da minha pesquisa de doutorado. A partir daí nós desenvolvemos alguns projetos em conjunto, ao mesmo tempo em que cada um também tem seu trabalho independente. A gente troca muita informação e cada um ajuda o outro, isso tem funcionado bem”, conclui Eugênio.
Além da galeria e das exposições, a Associação Jus Sarau oferecerá regularmente cursos sobre arte e especialmente sobre de fotografia digital, onde serão abordados desde aspectos históricos até as técnicas e métodos mais atuais, e onde os alunos poderão mostrar suas primeiras produções. A galeria também é um espaço educativo e formador de novos artistas.
Também estão previstos cursos de História da Arte, História da Música, Histórias do Cinema e Carnaval (sobretudo concepção e desenvolvimento de enredos, formatação de roteiro de desfile, concepção de fantasias e alegorias); o Cine-clube pretende funcionar como um pequeno “cinema de arte” em São Luis, onde serão apresentados filmes históricos e/ou que não entram em cartaz na cidade.
“Mas tudo aqui é digital – avisa Eugênio. Nossos filmes serão exibidos em formato DVD com projeção em médio formato e com som Dobly Stereo. Mas importante que se apegar ao velho projetor é poder assistir obras que quase nunca são exibidas em São Luis”. A inauguração do cine clube acontecerá com a exibição do filme “METRÓPOLIS” (Fritz Lang), um clássico do cinema de ficção, da década de 1920, que serviu de modelo para inúmeros outros filmes e cuja influência é visível ainda hoje. Já estão previstas mostras sobre o cinema mudo e Alfred Hithcock, bem como um ciclo de vídeo-óperas . Eugênio finalmente diz que “Tudo depende da procura e aceitação do público. Nós somos um grupo independente. Isso é importante pra gente poder manter a liberdade de idéias e expressão. Não queremos ser monitorados. Quem vai decidir o que vai e o que não vai dar certo é o público, através da aceitação e da freqüência aos eventos.
Também vamos desenvolver um sistema de auto-financiamento e parceria, onde o público é o nosso principal financiador e nos devemos a ele e só a ele, as satisfações e cobranças” . No campo do TEATRO, a Associação JUS SARAU pretende atuar sobretudo promovendo leituras dramáticas de textos de autores clássicos nacionais e estrangeiros nunca encenados em São Luís. Já estão previstos ciclos sobre Nelson Rodrigues, Oscar Wilde e Plínio Marcos.
A inauguração do espaço vai acontecer dia 20/04/2012 (quinta) com a abertura da exposição “Arquitetura Religiosa Brasileira: região nordeste meio norte”. “Comecei a me interessar pelo aspecto formal da arquitetura religiosa brasileira há algum tempo, fotografando templos com intuito de manter um arquivo pessoal para usar nas aulas da UFMA. Depois comecei a perceber que esse arquivo podia render uma exposição. Já visitei várias cidades e sempre registro as principais igrejas. Nesta primeira edição da exposição vamos mostrar templos do norte e nordeste. Mas já estamos formatando uma segunda edição com templos do sul/sudeste”.
Eugênio fala no plural, pois a exposição é mais uma parceria sua com Zé Luis Cavalcanti, responsável pelo registro das igrejas de São Luís e pelo tratamento digital das imagens. “A arquitetura é uma arte utilitária, da qual nos esquecemos quando a usamos. Mal olhamos direito para nossas construções. É preciso recuperar esse olhar especial, olhar mais atentamente para elas. Há tanta poesia ali dentro! A fotografia cumpre muito bem esse papel, congelando aspectos fugidios e passadiços. Em muitos casos há mais beleza nas fotos do que nas próprias construções reais. Embora seja uma exposição de caráter documental, a manipulação dos arquivos digitais adiciona um caráter plástico diferenciado nas imagens, com realce de cores e formas, que superam o caráter de realidade”, completa Eugenio.
Complementando a programação da abertura, Eugenio Araújo dará um uma palestra sobre história da arquitetura religiosa universal, na terça 25/04/2012, 19:hs. Com entrada franca, mas com inscrições antecipadas. Só há 20 vagas disponíveis.
Agora é esperar para conferir: dia 20/04/2012: inauguração do espaço JUS SARAU. Mais informações sobre a associação podem ser encontradas no blog oficial www.jussaaru.webnode.com . (site em construção)
MANIFESTO DO MOVIMENTO “JUS SARAU”
O Maranhão vive há mais de vinte anos sob a influência de políticas culturais restritivas que privilegiam apenas algumas manifestações do nosso variado leque de opções culturais. Efetivamente, vivemos sob a égide de uma nova ditadura: a ditadura de um determinado tipo de “cultura popular”. E dizemos “sob determinado tipo” porque certamente a Cultura Popular não se resume a isso que vemos se desenvolvendo no Maranhão: folclore e releituras do folclore. Cultura Popular, com maiúsculas, é bem mais do que isso. No entanto nossos gestores da cultura querem nos fazer acreditar que dispomos apenas disso e somente nisso investem o dinheiro público, deixando muitas outras manifestações à margem da atenção, do financiamento e da visibilidade midiática. É principalmente contra isso que o movimento “JUS SARAU” se levanta, e através de seu manifesto fundador vem anunciar que a partir de hoje, há em São Luís, um grupo de artistas, produtores, intelectuais, colaboradores e uma parcela do público que o apóia e exige transformações na situação vigente.
O movimento “JUS SARAU” acredita na força da Cultura Popular, mas naquela cultura popular que causa transformações e mudanças, e não nesta que temos aí, pura repetição de temas batidos e rebatidos, repetidos anualmente, formatada para atrair um fluxo turístico que até hoje não se concretizou. JUS SARAU! – o sarau justo, no ponto certo, encontro de artistas de todas as origens, de todas as vertentes. Não só o grande evento, o evento de massa, mas o evento de câmara, para o público que o quiser. Não só forma, mas conteúdo; não só o retorno midiático e político, mas o retorno espiritual: JUS SARAU!
Acreditamos na Cultura Popular como fonte de afirmação e reivindicação legítimas das classes populares; não nessa cultura popular monótona e repetitiva, mantida com subsídios públicos e que não caminha e nem aponta para superação de si mesma nem tampouco dos problemas vividos pelas classes populares maranhenses atualmente. Uma cultura popular que sobrevive porque faz o elogio vazio do passado, da imobilidade, do governo, dos governantes e esquece a gravidade da situação presente.
O movimento “JUS SARAU” propõe uma nova equação para cultura maranhense do século XXI: o entrecruzamento e a mistura entre a cultura popular e a cultura erudita. Acreditamos que só assim, nossa vida cultural poderá superar esse beco sem saída. São Luís é o principal pólo cultural do estado e deve assumir e cumprir seu papel de forma determinante. Queremos lançar mão de todas as informações e materiais culturais que temos à nossa disposição. Não só o popular, mas também o erudito e todos os ricos cruzamentos entre os dois. São Luís não pode mais ver sua vida cultural restrita a dois eventos anuais: Carnaval e São João. Queremos Cultura o ano inteiro! Queremos teatros funcionando com grupos locais e suas interpretações de autores maranhenses, brasileiros e estrangeiros! Queremos música lírica, instrumental, erudita, nacional e estrangeira, queremos jazz, queremos música atonal e eletrônica! Temos cantores e músicos para isso. Queremos Salões de Artes Plásticas! Mas Salões que espelhem a produção contemporânea, com instalações e vídeos e objetos estranhos. Queremos dança moderna! Dança contemporânea, que se faz sem música, sem fru-fru, sem canutilho, sem pena de ema. Queremos Grandes Festivais! Grandes Encontros! Grandes Simpósios Artísticos! Queremos Poesia! Queremos Ópera! O Maranhão merece e pode fazer isso.
Nosso leque cultural é mais abrangente. O Maranhão já legou ao Brasil as expressões de Gonçalves Dias, Arthur e Aluísio de Azevedo, Coelho Neto, Nina Rodrigues, Nunes Pereira, Apolônia Pinto, Ferreira Gullar, Joãozinho Trinta, João do Vale, Alcione, Zeca Baleiro, Clã Nordestino, Lairton dos Teclados... e tantos outros! O que importa é a variedade destas expressões, marcadas por origens e interesses sociais, econômicos e intelectuais diversos. Não podemos concordar com uma ideologia que força nossos artistas e públicos a produzirem e consumirem só o que é antigo e popular. Também queremos o novo e o erudito. E todos os ricos cruzamentos entre estas quatro variáveis.
Uma política cultural democrática deve considerar que movimentos culturais estão nascendo, não só nos grupos considerados tradicionais, mas também nas periferias e rodas intelectuais, sob as mais diversas influências (do rádio, tevê, computador, cinema, do bumba-boi, dos grupos comunitários, etc.).
Onde está a São Luís moderna? Sim, ela está aí, cada vez maior e cheia de problemas. Mas, onde está a representação simbólica dessa nova São Luís? Onde está o discurso que lhe discuta, sustente e reforce? Uma nova cidade não pode ser apenas um novo conjunto de edificações, os discursos sobre a cidade devem crescer junto com ela. A São Luís antiga tem seu cenário (parcialmente reformado) e seu drama, seu discurso positivo, decantado aos quatro cantos. E a nova São Luís? Será ela apenas a miséria e a violência das periferias que vemos na tevê? Onde estará a produção cultural que dela emana, que a corresponda, que a traduza e simbolize?
Agora quando se aproximam os 400 anos de fundação da cidade, temos sim, uma nova São Luís: a cidade de um milhão de habitantes, com todos os problemas e virtudes das metrópoles; a São Luís de muitas máscaras, de muitos grupos sociais distintos, com vontades distintas e todas as contradições que enriquecem as grandes cidades; a São Luís que tem o passado como dado importante, como referência singular, mas que não se espelha só nele; a São Luís que também quer libertar-se do mesmo passado, que às vezes a inspira e outras, lhe oprime; a São Luís que olha em frente, quer crescer e seguir adiante; a São Luís que é uma ilha só na geografia, mas mantêm-se ligada a todo mundo por janelas, portas, pontes, estradas, vias aéreas, satélites, digitais, fibras óticas imperceptíveis. Ligada, irmanada com o mundo, porque faz parte do mundo.
O futuro de São Luís será obscuro se, além de ilhados, permanecermos calados. Os náufragos têm estratégias para se fazerem vistos em ilhas perdidas e distantes. Acendamos fogueiras! Desenhemos símbolos e pedidos de socorro em letras garrafais nas areias de nossas praias! Construamos as mais rústicas jangadas e lancemo-nos para fora, rumo ao Outro, com o objetivo principal de deixar o isolamento. Publiquemos artigos e livros, façamos movimentos Culturais! – JUS SARAU!
Esta é a São Luís que nos interessa ajudar a crescer. É por ela que trabalhamos. Não queremos ser os artistas e nem os intelectuais da revisão. É preciso criar! Nossos azulejos representam apenas uma fonte de inspiração e referência, não devem sufocar outras. O bonde da história continua passando, cada vez mais veloz. Não podemos perdê-lo. JUS SARAU!
São Luís 30/11/2010
Eugenio Araújo
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