Festluso abriga Seminários de teatro afro-brasileiro
Os dois seminários trazem o histórico, as principais referências e as produções artísticas da experiência ímpar ocorrida no Brasil, na década de 1940/1950, que foi o Teatro Experimental do Negro (TEN), sob a direção de Abdias do Nascimento e das iniciativas teatrais nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).
Em meados do Século XX, no Brasil, um grupo de jovens negros resolveu encampar a luta para mostrar à sociedade brasileira um outro olhar do afrodescendente e da cultura de matriz africana, em contraste com o que era apresentado à título de folclore e exotismo. Havia uma matriz negra na gênese de nossa cultura, e tal necessitava vir à tona em sua integridade, apresentada como um dos fios legítimos dessa rede de povos que compõem o que denominamos “povo brasileiro”. Tal foi a experiência do TEN que, além da produção de peças com temáticas significativas às comunidades negras brasileiras e da organização de ações político-culturais como seminários, congressos, shows musicais, estimulou a reflexão e o exercício de revelar a farsa por trás do mito da democracia racial, presente no país à época. Uma pergunta nos provoca: Será que reconhecemos a dimensão dessa experiência artística e as contribuições do TEN para a história do teatro brasileiro?
Diferente do que se podia pensar, e a despeito de inúmeras similaridades, cada um dos atuais países da África que tiveram colonização portuguesa conta com uma história teatral específica e particular. A partir do estabelecimento da CPLP, em 1996, se intensificou o intercâmbio em Mostras, Festivais, atividades de formação, etc., o que gerou um movimento de aproximação dos artistas africanos com artistas europeus (Portugal), latino-americanos (Brasil) e, mais recentemente, asiáticos (Timor- Leste). O que há de similar e específico nesses movimentos teatrais? Quais os principais problemas ainda enfrentados para o estabelecimento de uma profissionalização artística nesses países? O que essa aproximação com atuantes de outros continentes traz de aspectos positivos a esses artistas e grupos? São algumas das questões que servirá de reflexão ao nosso seminário “Movimentos Teatrais nos PALOP.
Fernando Leão
Arte-educador, Professor de estética e história do teatro
Programa de Licenciatura em Teatro/Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE
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